martes, 3 de junio de 2008

Quando se vê a pontinha da partida...


E de repente me dou conta que vivi um ano a parte. Uma Ano que não pode se enquadrar no espaço-tempo que a gente vive normalmente. Esse ano de que vos falo tem vontade própria e anda como quer. Às vezes, passa lento, lento, quando queremos que ele seja veloz. E na maioria das vezes, ele anda rápido, que nem nos dá tempo de respirar, deglutir, digerir um pouco sobre toda essa loucura.

Conheci um bando de gente... Pessoas de lugares que até nem eu sei de certo como é, qual a sua capital, nem que temperatura faz por lá no inverno. Muitas dessas pessoas vêm e vão tão depressa como o tempo. E sinceramente, não ia ter graça se todos ficassem para sempre marcados. Mas encontrei realmente pessoas surpreendentes. A maioria - quer dizer, a depender da lógica, fica sendo minoria mesmo - delas são dessas que eu poderia incluir na lista dos marcantes. São um tipo de pessoa que eu fico tentando imaginá-los quando as coisas voltarem às antigas (pigarreio... antigas, não!), como será não tê-las ao menos por uma distância menor das que vamos enfrentar.

Acho a vida engraçada... Existe essa coisa de você conhecer milhão de pessoas de repente, e depois elas não vão passar de simples lembranças. Assim, daquelas que se tira com um espanador sobre a foto empoeirada. Ou daquelas que você vai olhar a foto, e parar no mínimo alguns minutos para se lembrar o nome dela. Pra essas coisas, sempre vêm as coisas de destino, escrito nas estrelas... Mas ultimamente tenho me reservado o direito de ficar meio puto com esse tipo de coisa!

O que também acho engraçado - sempre tendo a achar as coisas muito engraçadas, por mais dramáticas que elas sejam. Ou talvez por serem dramáticas... Que mania! - é que venho pensando no tanto que degluti. Pois, comi tanta vida, tanta responsabilidade, tanto aprendizado que é como se nada tivesse sido digerido ainda. A vontade era de escrever sobre cada pequena coisa, transmitir cada pensamento dessa cabeça diretamente para o papel. E sinto que nada disso vai acontecer porque sinto o pior, sinto o cheirinho do fim. Um cheiro de uma comida gostosa, bem temperada, que a gente não devia comer, mas come de gula. Talvez a pontinha de terra que vem surgindo do horizonte, anunciando a nova terra... Lutei, relutei, briguei com meus sonos pensando no dia em pensar, em escrever, em gritar que chegou. No final das contas, sei que tudo não passa de um eterno medo meu pelo inevitável fim das coisas.

Por esse otimismo que eu tanto carrego todos os dias, sei que tudo que eu vi, todas as pessoas, as realidades que conheci, o que passei em cada canto dessa casa - do que posso chamar de MINHA ou de NOSSA casa - desse país chamado Euskadi, vão comigo no estômago, mal deglutidos mas vão para que eu os sinta eternamente gelando-o, me fazendo lembrar das melhores coisas. Vou levá-los bem perto, como uma caixinha de sonhos, pra que possa recorrer aos momentos e pessoas, colocá-los em meus pensamentos, e voltar essa realidade inexplicável por minutos.

Umas das primeiras palavras que aprendi a dizer em euskera foi o tchau, o adeus, o até logo. O "agur" velho de cada encontro que sai tão naturalmente. O "agur" do dia de sair dessa realidade vai doer como meu estômago cheio de lembranças. Mas, ao contrário do buxo, mistura de dor e prazer, de tristeza e lembrança, o meu adeus a essa terra vai cortar e marcar o começo de algo que não é bem o que queria viver no momento. Acho que enterro nessa cidade a minha boa vida de faculdade.

Aqui ainda vai o natural,
Aguuur

Santurtzi (exatamente, meu quarto numa noite de insônia), 29 de maio de 2008

martes, 8 de abril de 2008

Conhecendo a fundo Bilbao

Engraçado é que somente quando chegam as visitas e você vai dar uma de guia turístico, dá o devido valor a cidade em que mora. Foi preciso me transformar em guia de Leury para perceber que realmente Bilbao é uma cidade encantadora. Quando aparece um bom sol, o que têm sido freqüente nesse tempo em que moro por aqui - que é o contrário do que dizem os vascos sobre a cidade - a boa luz combina com suas ruas bem arborizadas, seus prédios bem feitos, sua organização e decoração contemporâneas.

Quando fomos ao funicular de Artxanda, uma espécie de Plano Inclinado que liga a cidade com o bairro de Artxanda, no topo da montanha, tirei fotos para fazer uma panorâmica, e resolvi mostrar a vocês os lugares interessantes, na tentativa de vocês se sentirem mais perto daqui.

¡Diviértanse!
(aconselho vocês verem a foto em tamanho real. cliquem nela!)


Se quiserem ver mais a fundo, baixem esse arquivo:
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Aguuuur!

lunes, 3 de marzo de 2008

Últimas notícias no Plantão

Completamos no dia 26 de fevereiro nossos 6 meses em terras vascas. Uma mescla de saudade de casa, saudade daqui (já), vontade de engolir o mundo em uma só sentada. No final das contas, sei que me sobram pouco menos de 4 meses e meio para estudar, viajar, conhecer mais pessoas, fazer amigos, desbravar a Bilbao que eu tenho sempre do lado... Para não cair no desespero, conto a vocês as últimas coisas que rolaram por aqui.

"Ni Edinaldo naiz. Eta zu?"

Comecei meu curso de Euskera. Pra quem não sabe, euskera (ou euskara) é a língua vasca completamente diferente de qualquer escrita e fala que eu tenha escutado na vida. Toda as grandes línguas do mundo possuem sua origenzinha bem remota, e pra ser mais diferente do que nunca, o euskera não tem. Dizem as más línguas que tem a possibilidade do euskera ter originado algumas outras línguas por tão velha que ela é. Dizem outras más línguas também que o euskera era desconhecido pelo relevo do País Vasco, pelas suas montanhas que escondiam cidades, povoados, o que impedia a dominação das grandes colônias.

Informados um pouco da história, lhes digo que é muito interessante, de repente, começar a fazer uma língua estrangeira que não existe uma mínima relação com a língua portuguesa ou com a língua castellana. Geralmente, quando começamos nossas aulinhas de inglês, espanhol, os professores conseguem manter uma comunicação na língua e conseguimos entender muito do que se fala. Nas aulas de Euskera, a gente só entende pelo contexto. Nos primeiros anos, a gente tem dificuldade de conseguir pensar na língua, que é o que nos permite uma proeficiência. Pensar em euskera é coisa pra mais de 5 anos de prática... Muitos vascos que sabem po euskera brincam que nem adianta muito um curso de 3 anos de euskera, se você só consegue falá-lo bem só depois de anos.

Mas digo que é interessante... É interessante porque a gente vai poder saber falar qualquer coisa em euskera, porque a gente passar um ano na terra e não levar uma das coisas que eles têm de mais rico e diferente, que é o idioma, não dá! E ouvi dizer que o Itamaraty têm buscado gente que fale euskera por lá... Quem sabe meu futuo como jornalista esteja fadado ao fim e que a carreira nas Relações Internacionais comece a partir dos meus "grandes" conhecimentos em euskera?

E vocês querem saber o que eu aprendi nas minhas aulas?

Ni Edinaldo naiz
(Meu nome é Edinaldo)
Nik Komikazioa iskaten dut.
(Eu faço Comunicação)
Niri musikoa gustatzen zait.
(Eu gosto de música.)
Ni Brasilekoa naiz, Salvadorekoa naiz.
(Essa, deixo vcs advinharem)
Ni brasilarrez, gaztelaniaz, ingelesez eta euskaraz hitz egiten dut
(Eu falo brasileiro, castellano, inglês e euskera. O mais bonito dessa frase é que o verbo falar - hitz egiten - significa "fabricar palavras".)

Yo hago clase de Percusión Brasileña

Era meados de um novembro frio. Folhas caídas pelas ruas de Bilbao, tentativas de encontrar uma solução para os tédios nas terras vascas. Eis que encontramos a programação de um tal de "Bilbao Gaua", e entre as oficinas, mini-cursos e atrações desse festival, havia uma que nos chamou a atenção "Percusión Brasileña".

Eis que os garotos enrolados da terra de Bilbao, enrolados que são, acabaram não indo. E de repente acabam os talleres, estouram-se as bombas do ano novo, e muda-se toda rotina. Até que, em um invernal fevereiro, os três encontram o curitibano que por cá estuda, só para ouvir dele que adorou as aulas de Percusión Brasileña que acabaram de começar e que eles deviam ir.

E lá vamos nós, toooooda renca brasileira perdida em Bilbao - com exceção de Nina Maria, que estava dodoi - , para a oficina de Percussão. O professor, Ronaldo, é baiano do Nordeste de Amaralina, saiu de Salvador aos 14 anos e disse que já rodou o mundo. Achei ele meio charlatão, cheio de papo, disso e daquilo. Mas é gente boa. Rendeu um som interessante... Eu ganhei o posto do agôgô e toquei direitinho. Toda hora queria que rolasse algum som que pudesse colocar o somzinho dos Filhos de Gandhy.

Depois de conversa vai, conversa vem, depois de taaaantas historietas e historionas, combinamos com Ronaldo de conhecer um bar um tal bar brasileiro perdido em Bilbao que ele conhecia. O bar fica numa zona super bem localizada de Bilbao e chama-se Via Show. Na porta, de cara nos encontramos com o cartaz de divulgação do show da Calcinha Preta por aqui. Ao entrar, fomos recepcionados pelo DVD de Ivete Sangalo no Festival de Verão 2008. Mas, ao analisar mais a fundo o ambiente, percebemos que todos eram realmente eram brasileiros, e que a população feminina ali era toda de formada por putas. Ou seja, saimos do Brasil para conhecer um puteiro brasileiro na Espanha.

A cerveja de lá era de puteiro: com água pra dissolver, com preço só pra coroa cheio da grana pagar. A seleção musical é a melhor do mundo: foi do axé, ao lapada na rachada, passando pelo reggaeton em português e Tati Quebra-Barraco. Uma coisa ficou clara: existe realmente um sistema de imigração que põe essa galera toda no ramo da prostituição, do tráfico ou da música brasileira. Um desses ramos, a pessoa entra.

Pelo menos, agora sei que se eu tocasse numa banda, tocaria agôgô!

Brasileirada (menos Maria... =/) reunida no puteiro, quer dizer, na boate brasileira em Bilbao

Depois, vão fotinhas das aulas de percussão e do dia de praia em La Salvaje.
Algumas das minhas brincadeiras fotográficas vão aqui: www.flickr.com/photos/redlabels

Gaboooon!
Aguuuuuuuuurrr!

miércoles, 27 de febrero de 2008

Naturaleza nos llama de nuevo

Não é que os garotos, cansados da vidinha de beber, cair e levantar, resolveram fazer mais turismo de Aventura pela costa de Bizkaia? Fomos aproveitar os últimos dias de Ugo por aqui pra desbravar um pouco mais das terras euskaldunas.
O segundo dos passeios a pontos naturais de Bizkaia, no dia 23, foi o dia da paletada. Andamos quase 13km, saindo de Bermeo, parando em San Juan de Gaztelugatxe, uma ilhota ligada a terra por uma ponte e que no topo da rochosa montanha leva a ermita do mesmo santo. Segundo conta o quadrinho da ermita, as badaladas do seu sino tem efeitos curativos para a dor de cabeça e que se você der 13 voltas na igreja mentalizando um desejo, ele se realiza. Mentira! Saimos de lá com dor de cabeça e a localização da igrejinha impossibilita ao menos 1 volta em torno dela. Se alguém conseguiu dar uma, com certeza agora habita outras dimensões. Aproveitamos que tínhamos perdido o buzú pra voltar e curtimos um pouco mais do clima bom que tava em Bakio, com direito uma Coca-Cola geláda e comidas da merendeira.

Aí vão as fotos!
Enjoy it!































































































































































































martes, 26 de febrero de 2008

Naturaleza nos llama

Kaixo, pessoas!
Aí vão as fotos do primeiro dos fins de semana natureba. No dia 16, de natureba só teve o lugar, porque nós (eu, Tici, Nina e Ugo) junto com Oier e Rose fizemos um churrascão no Parque Natural de Urkiola, com direito a costelinha de porco com farofa e vinagrete. O Parque é considerado por muitos como a "Pequena Suiça" da região, mas como a neve e o frio esse ano resolveram aparecer em outros lugares, não deu pra sentir esse clima. Deu pra sentir foi uma saudade das churrascos brasileiros, regados piscina, tempo fresco, nada de casacos ou excedentes de peças de roupas.

Dirvitam-se!

PARQUE NATURAL DE URKIOLA
The barbacoa way of life





























































































































































































martes, 12 de febrero de 2008

E tomar banho de sol

Kaixo, meu povo!

Acabaram-se as provas, os trabalhos. Chega ao fim o nosso primeiro semestre.
Depois de 5 meses fora de casa, começamos a aproveitar as coisas turísticas que sempre nos rodearam, mas que nunca pensávamos em ir. Sempre procurávamos lugares mais conhecidos, paises, cidades que constatavam nos guías turísticos. Depois de conhecer Itália e Paris, e descobrir que o melhor dessas viagens é, realmente, pequenas coisas, lugares e momentos que nunca poderíam compor um guía dos melhores lugares visitados do mundo.

Na quinta, entediados com a vida em casa, na frente do computador, esperando que os baianos se recuperassem do carnaval para poder entrar no msn, eu, Flavinha e Matheus saimos de Bilbao rumo a costa vasca, mais a direita de Mundaka, a famosa praia onde todo ano acontece o campeonato mundial de surf. Nosso destino era Lekeitio.

Em todas as fotos de sites e folhetos sobre as praias de Bizkaia, sempre aparecia essa tal de Lekeitio, sempre com a foto de um porto de barquinhos, todo amontoados, branquinhos, vermelhos, coloridos, ao fundo seus prédios estilo europeu e um céu azul dando as caras. Mas quando descemos do ônibus, não espera encontrar muita coisa. Primeiro que a cidade não tinha um pé de alma, e o caminho da parada de ônibus até a praia parecia qualquer outra cidade, menos a da foto.

E sempre me surpreendendo! Bem caminhamos, bem chegamos a orla da cidade. E era do mesmo jeito. Mais bonita até pelo sol mais esplendoroso do que o das fotos. Um clima bom que parecia ser realmente melhor que o das fotos. E umas imagens que, mesmo sem câmera, eu sabia ia ser fotos na minha cabeça. Passaria hora fotografando cada detalhe daqueles barcos, das suas cores diferentes que formavam como um um mosáico entre o mar, os barcos, seus prédios e o grande azul do céu.

O melhor de Lekeitio, fora a sua própria cidade, é que foi a primeira cidade do País Vasco em que estive que a maioria dos seus habitantes (os pouquíssimos que deram as caras na rua) falavam euskera. Chega nos dava medo de precisar perguntar alguma informação e ser rechaçado por isso. Achei até interessante, porque vi um lugar de verdadeira identidade vasca. Velhinhos que usavam suas txapelas e falavam seu idioma que mais parece um japonês menos agressivo. Crianças gritando ama (madre em euskera) e aita (padre), e falando frases enormes em vasco. Eram tão pequenas que a gente achava que elas eram super inteligentes por falar uma língua dessas.

Gostamos do passeio. Tanto que no sábado resolvemos explorar agora Getxo, a cidade que fica defronte a Santurtzi, a cidade que a gente vive, só que em margens opostas do rio Nervión. Saimos de Santurtzi e fomos a pé a Portugalete para atravessar a Puente Colgante - uma ponte velha, que tem um barquinho pendurado na parte mais alta da ponte. Andar nessa ponte me lembra muito as idas e vindas de ferry-boat pra ilha de Itaparica, porque na ponte entram pedestres e carros.

Já em Getxo, na região de Areeta, resolvemos dar um passeio pela cidade e conhecer a orla. Fomos da área de Areeta-Las Arenas até a ponta da praia de Getxo, de onde a gente podia ver a Punta Galea, a ponta mais norte da Gran Bilbao.

Getxo é encantadora, apesar de extremamente elitizada. Agora a gente sabe que a elite bilbaína saiu do centro da cidade rumo a orla de Getxo e ocupou a região, construindo prédios bem estilizados, europeus, que lembram a Riviera Francesa (nas fotos, óbvio) ou o que deve ser Barcelona. São sobrados que sempre presam por detalhes arquitetônicos, que têm um charme - como diria uma boa revista sobre arquitetura. Com um bom dia de sol, deu pra sentir calor, tomar sol de calça jeans e tomar sorvete.

Sem desistir do nosso fim de semana "passeios raros", aceitamos o convite de Flavinha e trocamos subir o Funicular de Artxanda, para ver toda Bilbao, para fazer o caminho do "calçadão" de Bidezabal até a praia de Sopelana. Todo caminho é por cima de uma costa e provalvemente tem uma vista muito mais impressionante do que a que veria em Bilbao. Um mar azul nos acompanhava e um bem arrumado, bem arejado e ambientado calçadão nos esperava. No fim das contas, andamos quase 6 km e nem conseguimos chegar ao ponto final. Ainda entramos em bosque que possivelmente "A Bruxa de Blair" poderia fazer o seu número 3 ou 4.

E chegamos em casa mortos, cansados! Nada melhor que uma boa comida pra acalmar os músculos e o estômago. Que venha a comida de brócolis e os pimentões recheados! Depois, Heroes, dentes e cama.

Nada melhor do que não planejar um passeio!
Que venham mais!!

Bai?
Aguuuur!

miércoles, 6 de febrero de 2008

Indo atrás do caminhão?

Enquanto vocês continuavam esse clima bom da terrinha, e, ainda mais, aproveitavam a dádiva divina do nosso carnaval, cá estava eu sofrendo com um fim de semestre. Enquanto vocês saiam atrás do caminhão para fazer o carnaval, eu me matava de fazer um trabalho de "Fotoperiodismo" em um programinha de editoração bem chinfrin...

Apois, aí está o resultado do meu carnaval. Só uma sessão foi censurada por Tici, porque consta de fotos um tanto quentes para serem divulgadas. Hohoho!

E curti por aqui o carnaval de Bilbao, que tem rima e parecia um baile do Baiano de Tênis em tamanho maior. Concurso da melhor fantasia, bandinhas de fanfarra, crianças curtindo aquele mundo de fantasias. Caimos na folia de fantasia improvisada e tudo. Ao invés do caminhão, curtimos vários palcos. Dançamos freneticamente as músicas bascas como se a gente entendesse o que eles diziam. No fim, valeu! Deu pra esquecer, por algumas horas, a emoção que vocês estavam vivendo. E vejam as fotos do nosso carnaval!

Aguuur
























































































O RESTO DESSE ENSAIO FOI CENSURADO




































































CARNAVAL EM BILBO:





























miércoles, 30 de enero de 2008

A continuação do meu diário de bordo


Sim, eu sei que sou terrível nas atualizações. Mas chegaram coisas pra se fazer nessa faculdade. Tenho um trabalho de fotografia enorme pra entregar, 2 provas. Nada tão absurdo quanto a velha vida faconiana, mas tem me tomado tempo.

Por isso, o diário de bordo chega em breve na versão RESUMÃO PARA CONCURSO, porque só assim vou conseguir escrever pouco.

Adiantando aqui que as coisas vão indo bem. Passamos da crise dos 5 meses, da revolta de querer voltar e aproveitar o verão com todos os amigos, passou também a depressão e a vontade de não fazer mais nada. Retomamos a busca incessante por um novo ap, tentando ainda morar com algum estrangeiro pra treinar o castelhano. Perdendo um trem aqui, indo parar em Orduña (a 2h horas de trem) de lá, vamo aguentando Santurtzi e o Renfe. E vamos daqui também planejando novas viagens: Galícia, Navarra e Aragón, Marrocos e Leste Europeu. Todas a escolher...

Enquanto vocês curtem o calor e o maior carnaval de rua do planeta, me despesso aqui nos meus mísero 6º graus, preparando a fantasia para o carnaval de rua de Bilbao: pierrot, colombinas, alecrins, ou seja, o baile de carnaval do Baiano de Tênis invade a GranVía até a Plaza Moyua de Bilbao.

Bueno, chicos.
Aguuuuur

martes, 8 de enero de 2008

Un grand voyage per facere en el fin de año

PARTE I

Enfim, chegamos ao fim do ano. Enquanto vocês vivem o mais caloroso dos verões baiano, estou por aqui, sofrendo com o frio, com ventos cortantes e gélidos, com roupas à moda "bolinha", que me deixa quilos e quilos mais gordo. Na tentativa de amenizar todas as saudades - das camisetas, da poucas roupas, das idas e vindas a praias, ao clima bom de Natal e Ano Novo - eu e minha trupe, a mesma que partiu de Bilbao rumo as terras lusitanas (nao tive tempo de postar, mas eu, Ugo, Nina, Tici e Breno estivemos em Portugal), saimos para as viagens de fim de ano. E eis que abaixo segue o grande diário de bordo, com coisas e coisas que nos aconteceram, na tentativa de relatar esses grandes dias no velho mundo. Aproveitem, se deliciem, imaginem, vivam comigo o que vivimos durante esses 20 dias.

Dia 17 - ROMA, CITTÁ APERTA
Partimos de Bilbao numa manhã fria. Nosso primeiro destino era Santander, cidade que fica na regiao da Cantrábria à não menos que 1h30 do País Basco. De mala, cuia e tudo que era possível para 20 dias longe de casa nas mãos, pegamos o vôo da Ryanair, companhia low coast da Europa, rumo a Roma. Pisar em Roma, primeira das nossas paradas, era sinal de frio na barriga. Quando a gente vive num mundo em que viajar para Europa é sonho, mesmo quando tudo parece tão perto do que você imagina, a sensação é de que continua sendo um grande sonho.

Pois bem, sonho ou não, aterrisamos em terras italianas. E fomos de lá direto para a casa de Marzia, irmã de Francesca, amiga italiana que anda perdida, como nós, em intercâmbio em Bilbao. Mas o clima na recepção não foi dos melhores, mesmo que a alegria de nos receber tenha sido a mesma de sempre. Marzia e Francesca recebia uma prima que entra numa história típica de qualquer "causo" de família, o que nós impedia de estar na casa dela. Sem conhecer nada de Roma, o resultado foi fazer uma pizza em casa e beber um pouco de vinho, até chegar o novo dia. Conhecemos nesse dia dois amigos de Marzia que marcaram já as simpatias pelos italianos, e a certeza de que os italianos do Sul são os brasileiros outra vez. Ana, de Nápoles, mal falava uma palavra em espanhol, mas nós falávamos assim mesmo, e ela nos respondia em italiano. Ugo, ainda desprovido dos conhecimentos da lingua espanhola, falava em inglês... As vezes, Nina até arriscava o francês com ela. No fim da contas, todo mundo entendia todo mundo e a torre de Babel não desabou.

Conhecemos Nicola, da região da Apulia, que é completamente apaixonado pela Bahia. Ele é músico, e foi ao carnaval de Salvador nesse ano. O cara curtiu dois dias de folia, e, talvez pela emoção de nunca ter visto coisa igual, caiu numa febre de 40º e teve que encurtar sua passagem pela Bahia. Mas levou com ele uma paixão, a percussão e o swingue da música baiana. A paixao virou tanta que ele agora estuda português através das músicas e pretende passar um tempo por lá, daquelas coisas de querer passar 6 meses, mas terminar os dias curtindo a Bahia. E assim ele contagiou Marzia, e no fim das contas, todos falavam baiano. Nenhum deles diz que falamos portugues, dizem que nossa forma de falar - cantada, porque eles imitam melhor que o Casseta e Planeta - e as palavras, girías que criamos formam um dialeto, como os que cada um deles tem em suas cidades. E daí começaram as classes intesivas de "baianês" e também de cultura baiana.

Dia 18 - O DIA EM QUE NOS LIVRAMOS DA PRIMA
E chega o novo dia. Dia de decidirmos o que fazer do nosso roteiro de viagem. Com laptops a postos, saimos em busca de lugares, albergues, meios de transporte... tudo para que pudessemos estar em Milao no dia 29 e pegar o avião com destino a felicidade, ah, a felicidade: PARIS! E não é que todos os deuses e divindades começaram participar da nossa viagem? Enquanto estavamos todos na luta para saber quando estariamos em Roma e, principalmente, em que lugar, a tal da prima diz que vai embora. Festas, pulos, gritos, agradecimentos à primeira participação divina na história, e também decisão das nossas vidas.

Nosso rumo agora era Veneza, a romantica cidade das gondolas e do Carnaval. Viajariamos as 22h da noite, em um trem regional que liga as grandes cidades italianas. Nosso roteiro, agora, já estava traçado: seriam 2 noites em Veneza, 3 noites em Florencia, e eu e Tici resolvemos passar, nesse meio caminho, por Bologna eem ce Pisa. Ainda sem conhecer Roma, no máximo as ruas que cortam os alredores da casa de Marzia, ficamos em casa com ela e Ana, a contar histórias, a conversar sobre a cultura italiana, a ouvir "tarantelas" (como essa aqui: Gabriella Ferri - La Società dei Magnaccioni). Marzia, que é atriz e faz trabalhos de clown e pernas-de-pau, fez uma pequena demonstração dos "estancos" (como sao conhecidas as pernas) e de como fazia nas boates e outras festas quando ficava metros mais alta (principalmente quando, em festas de musica latina, os coroas sempre pediam para dançar com ela).

As 22h, partimos a Veneza em um trem que só podia me lembrar o Expresso Hogwarts. Era pequenas cabines, com 6 cadeiras e que a gente podia dominar uma e nos apertar entre elas na tentativa de dormir. Mas confesso que dormir no trem não foi das melhores experiências... Com meus 1,87m de altura, e muitos de largura, distribuidos em uma cadeira um pouco mais larga e maior que a convencional me rendeu uma ressaca física terrível. O desejo por uma velha e boa cama, mesmo um colchão mofado, cheio de xanha, era o que mais queriamos.

Dia 19 - BUON GIORNO, VENEZIA!
Descemos em Mestre, cidade da região de Veneto cedinho, quando o sol ainda tirava seu longo sono. Esperamos o sol despertar - demorado por sinal - dentro de uma Mc Donalds e de um café, aproveitando para matar a fome com o famoso capuccino italiano (que não é o mesmo que vocês tomam por aí; o original é um simples e incrivelmente delicioso café com leite) e uns croissants - ou cornetos como eles chamam.

De cara, já se percebe a diferença entre os italianos e os espanhóis. Imaginem em um povo grosso, que nao lhe trata bem e que a sua língua exige que eles falem como se tivessem realmente brigando! Esses sao os italianos. Mas são, com aqueles que conhecem, extremamente enérgicos, alegres e contentes, como nós brasileiros. Dá pra se sentir de certa forma correspondido com tanta energia que exala da gente, da nossa forma de falar e gesticular (falar italiano é sinal de ver mãos e mais mãos movendo-se em um compasso desordenado).

Com o buxo cheio, era hora de procurar os albergues. Se preparar para a facada pra falar a verdade, porque demos a grande sorte de desembarcar na cidade em que hospedagem já é cara por natureza em pleno dia que começava a alta estação de inverno. E lá vamos nós, perdendo-nos pelas ruas da cidadezinha, atrás de no mínimo uma cama rasoável e um banheiro. Vai e vem pra lá, entramos em um pequeno hotel com aquele sentimento de " vamos só pra desencargar a consciencia". E não é que o atendente desse hotel era um brasileiro do Paraná? Identificados logo como "irmãos", ele ofereceu um roteiro turístico para os nossos dois próximos dias na cidade, com direito a dica de restaurante tipicamente italiano com preços acessíveis. O problema era que no hotel dele, não rolava ficar.

E lá vamos nós em busca de um teto. Encontramos um hostal - como aqui se chamam as pousadas vagabundinhas e as de beira de estrada - que era tipicamente um hostal: escadas estreitas, um lugar úmido, que parecia nós engolir para um frio pior do que o 0 grau que fazia na hora. A atendente de um inglês de esquina foi bem adjetivada por Ugo de biscate - aquela que vive de bicos! por favor, hein?. A idéia de ficar no hotel da biscate não agradou, mas deixamos uma pré-reserva, pois se acaso não nos sobrasse alternativa.

Pois surgiu em plena rua qualquer de Mestre uma pousada com cara de vazia. Preço acessível, quartos maravilhosos, dono super disposto a receber 5 espanhóis - sim, porque falamos espanhol e ele acreditou que eramos daqui! Quando decidimos que iamos ficar uma noite por aí e aproveitar o preço barato no hotel da biscate para economizar, seu Giuseppe, o dono da pousadinha impressionante, resolveu abaixar o preço. No fim das contas, acabou sabendo que eramos brasileiros pelos documentos, e nao perdeu em nada seu senso de humor e sua receptividade.

A figura de seu Giuseppe era de um típico italiano, com boina na cabeça e cachecol xadrez pendurado no pescoço, que podia ser facilmente confundido com um simples figurante das novelas italianas da Globo. Tinha uma cara de mafioso, daqueles que sempre usavam o "jeitinho italiano" - porque eles realmente têm isso - para viver a vida do seu jeito. De um sotaque carregadíssimo, sempre tentava ser o máximo simpático, e engraçado, no fim das contas, quando tentava falar um espanhol e um inglês. No final, acabou iniciando nossas aulas de italiano, sempre com uma nova expressão, com uma palavra diferente.

Com casa, comida e malas postas, só nos restava uma coisa: desbravar Veneza. Saimos de mestre em um trem intermunicipal. A curiosidade era tamanha para entender como um trem chegaria a Veneza, a famosa cidade inundada, em plena estação de transbordo da cidade, perto das paradas de ônibus. Foi aí que deu para entender a geografia do lugar, e perceber que a região é uma espécie de restinga que separa os canais e o rio que enchem a cidade do Mar Adriático.

Tentamos aproveitar as poucas horas de luz que nos restavam, mesmo chegando à cidade as 11h da manhã, porque no inverno da Italia a noite dar o ar da sua graça as 16h30 da tarde. Resolvemos fazer o itinerário sugerido pelo nosso compatriota, o de caminhar pelas ruas de Veneza até, finalmente, chegar a Piazza San Marco. Só que Veneza é uma cidade tão espetacular que não adianta caminhar por ela e seguir um mapa. O bom mesmo é se perder pelas ruas, admirar as pontes que ligam ps estremos do rio, perceber a dinamica da cidade. Ver que os carros das familias sao barcos e que nas portas de sua casa existem garagens no mar. Nessas idas e vindas por becos e ruelas que deu para tomar pela primeira vez o melhor sorvete para inverno, aquele que não é gelado. É um sorvete mais cremoso do que o normal, o que impede que ele vire gelo. Combinou muito com o tempo frio que fazia.

Por esse charme e características tão suas, Veneza nunca fica vazia. E estava extremamente entupida, em razão das festas de fim de ano. Ouvir o português e ver um monte de brasileiros em grupos e excursões passava a ser hobby, principalmente porque era mais um motivo para olhar para a cara de Tici e vê-la fazendo sua bela cara de fobia, com direito a grandes "abridas" de nariz.

De tanto se perder, chegamos a tal da Piazza di San Marco bem na hora que o sol resolvia dar adeus. Fomos realmente abençoados com um por do sol lindo sobre as aguas feias e sujas da cidade. Deu para enlouquecer de tanto tirar foto. Deu também para conhecer a praça famosa pela dança de Claudia Ohanna em Vamp (essa aqui), ser atacados por pombos, e admirar as gondolas em um movimento que é impossível nos deixar mareados.

Felizes, porém cansados, voltamos para Mestre, na tentativa de dormir e seguir o roteiro no outro dia.

Dia 20 - O DIA QUE BURANO ENTROU EM NOSSAS VIDAS
Acordados bem cedo, partimos de Mestre para Veneza - dessa vez de onibus - para conhecer duas ilhotas que ficam nos alredores da cidade. E o meio de transporte para esse itinerário eram os vaporetos, uma espécie de ônibus-barco. Engraçado é ver que as pessoas usam mesmo como meio de transporte, que nao é um truque do governo só para turista ver. Todo canto da cidade tem um ponto de onibus em pequenos cais.

Nossa primeira ilhota era Murano, famosa pela fabricaçao de vidro e de artigos derivados. Seguindo os conselhos de Flavinha e Dona Valdeth, tentamos acompanhar a fabricação de vidros, mas os fabricantes já haviam entrado em clima de fim de ano e fecharam as portas para visitação. Nos restava entao conhecer a cidade, que era extremamente feia.

Depois do momento "nada", excluindo a descoberta da pizza italiana, a original, a melhor de todas, partimos para nossa segunda parada, a ilhota de Burano. Ela é conhecida pela fabricação de rendas em toalhas, roupas, etc. Já sabendo desse detalhe, a expectativa para conhecer Burano eram as mínimas. Mas sabe aquele gosto bom da surpresa? Foi esse o sabor que ficou depois de realmente conhecê-la. É o tipo de cidade que surpreende pela sua simplicidade, pela sua calma, e pelas suas casinhas, todas coloridas. A sensação era a de estar passeando por um mini-Pelourinho transferido de continente, e sem o frisson turistico.

Burano era tão encantadora que fui capaz de me perder dos outros em uma cidade menor que o menor dos bairros de Salvador. E se tínhamos sido abençoados com um grande por do sol em Veneza, em Burano, o por do sol foi uma obra perfeita sem autoria. O que ajudou a torna-la como uma das melhores paradas em território italiano, quiça em território europeu. Foi nessa hora que eu realmente entendi o sublime das geniais aulas de Estética na faculdade.

Sublimados e bestificados, sem a menor vontade, voltamos para decidir o rumo do outro dia. Ugo, Nina e Breno partiriam para Florencia, enquanto eu e Tici pararíamos em Bologna para conhecer a região da Toscana. Essas já são cenas do próximo capítulo - que nao tardaram como as outras notícias.