viernes, 26 de octubre de 2007

Daqui, eu vejo...

BILBO, 26 de octubre de 2007

Pois bem... Cansado da vida de mandar emails e tentar mantê-los informado das minhas aventuras em terras estrangeiras, resolvi criar um blog. Aí, voces vao ter mais tempo para ler, pensar, refletir, achar engracado, até que meu blog caia no esquecimento, e, consequentemente, a minha pessoa - já sinto até o frio da solidao abrindo as janelas da minha casa.

E o que eu conto de novo? Pffff, milhoes de coisas. Coisas até que já perderam a graca de tanto tempo que se passou desde as minhas últimas notícias. Agora que as minhas companheiras e amigas de piso já sao bem relacionadas, eu tenho mais tempo para acessar o computador[ahh, voces sabem que piso é apartamento aqui né? Porque falamos direto em piso. Nao é ceramica e nem taco]. É porque Tici e toda a sua enorme simpatia foi convidada para participar do grupo de um menino que pretendia treinar o português, que ele aprendeu em intercambio para Portugal, na materia Periodismo de Investigación. Para poder acompanhar as pesquisas, ele, na inocencia de que Tici guardaria a senha dele de acesso aos computadores, lhe deu. E agora, já é senha coletiva.

Com senha na mao, agora a história é postar.
Pois entao, comecamos as aulas. Pareciamos um monte de calouros pelos corredores da faculdade, assistindo aulas erradas, materias que nao existiam nesse quadrimestre... E quando os professores comentavam pros alunos sobre a presenca de estudantes brasileiros na sala, eramos o centro das atencoes. Até hoje, sempre nos olham com cara de curiosidade, de saber as coisas, de saber se a gente mora mesmo em cima de arvores, se a gente samba o tempo todo e, mais ainda, se a gente tem realmente dinheiro para estar pelas bandas daqui. Teve uma menina mesmo que nao parava de olhar pra nós três entre sorrisos e caras de curiosidade.

Falando em aulas, é impressionante como o povo daqui é preguicoso. Além da velha siesta, que me dá nos nervos na hora de pensar em fazer qualquer coisa entre as 13h30 e as 17h, o povo daqui nao tem quase matéria prática nenhuma. Para nao ser injusto, eles tem. Mas pensem que precisam esperar o 3º e o 4º ano de faculdade para realmente pegar numa câmera fotográfica e de vídeo! As aulas dos primeiros anos sao basicas, muito basicas. Os professores aqui sao meros reféns dos alunos, e toda a aula depende do ritmo dos alunos copiarem o que os eles expoem no Powerpoint. Falam pausado, esperam o povo copiar qualquer besteira, e as zoadas que se ouvem na sala, além da voz do professor, sao as canetas riscando os cadernos quadriculados (aqui nao existe caderno normal... só caderno milimetrado ou quadriculado!).

E nessa onda de nao ter quase matéria interessante ou qualquer novidade pra gente, acabamos em Fotoperiodismo, uma disciplina que, pra eles, é aquela pra perder o cabaco com a camera. E quando nos apresentamos pro professor, ele foi como todos os outros. E quando comecamos a analisar fotografias, ele percebeu que a gente nao era qualquer um. A gente precisava se impor um pouco, porque ele tava achando que a gente nunca tinha visto uma camera digital das boas, enquanto na nossa Faculdade (eita Facom veia... que saudade!) a gente tem bem umas 10 a disposicao. Isso nao foi nada até eles nos levar para a primeira aula no estudio. Tudo que ele falava, a gente sabia. E nossas fotos eram elogiadissimas! Acabou que ele comecou a nos ensinar alguns truques que ele nao tinha ensinado para nenhum grupo desse semestre. Conquistamos um professor já!

Por falar em conquistar, acho que a gente conquistou muito bem os Erasmus. E todos sempre comentam da nossa alegria, da nossa descontracao, e da nossa capacidade alcoolica. A minha moda agora é sair ensinando a tudo quanto é estrangeiro como se diz girias palavras engracadas em portugues. Na verdade, em brasileiro! Nas ultimas licoes, já aprenderam "bora pra praia", "vamo tomar uma", "vamo beber até o cú fazer bico", " e ai vei", "tá de boa", e coisas básicas como "eu me chamo fulano", "tenho nao-sei-qtos anos", "porra", "caralho"... O intercambio linguistico tá rolando em alta. No aniversário de uma das chicas francesas Erasmus, Amandine, troquei várias idéias com uma francesa, amiga de uma outra Erasmus francesa, que nao falava nada de español. E as aulas de frances? As coisas evoluiram do "Je m'appelle Edinaldo, je suis bresilien, j'ai 21 ans, j'etude Journalisme." para conversas de música, de impressoes dos paises e de besterois de entretenimento como Alisée, a cantora pop (obrigado Lu, já tenho uma conversa com as francesas, tá vendo?), Julien (obrigado de novo!), Edith Piaf e Presenca de Anita.

A convivencia com os Erasmus é que tem diminuido as saudades. Na verdade, quando a gente sai de casa, esquece de tudo e do mundo enorme e todo ajeitado que deixamos no outro lado do mar. Toda quinta, rolam as festas Erasmus, produzidas por uma organizacao que se chama ErasmusWorld. Cada quinta, rola em um lugar diferente. E o mais engracado de tudo, além de ver todo mundo se quedando borracho (o velho e bom bebado em bom e velho portugues), sao os top-hit-parade! Aqui, as musicas se repetem muito, e qualquer dj que tenha o maior nivel experimental, e se recuse a tocar ou a samplear coisas pop, se rende ao sistema. Sabem qual é o top 1 da Espanha a 5 meses? Under my umbreeella, ella, ella, ê, ê, ê. Sim, Rihanna tá mais rica com as execucoes da música aqui do que em qualquer parte do mundo. O top 2 dois é a coisa mais brega do universo, mas que já virou lema da galera, dos brasileiros mesmo! Um tal de Dani Mata com uma música toda louca e brega, que diz que ele tá bebado e louco [comprovem aqui a breguice],! O fato é que essas duas músicas tocam no mínimo 3 vezes por noite.


Deixando o papo alcoolico pra lá, o frio comecou a chegar por aqui. Todos os dias, temos que buscar um jornal gratuito que distribuem em todos os lugares para olhar a previsao. A mínima que peguei por aqui foi 10º. Congelando! Sair pra rua é ter a certeza que se deve levar no mínimo um casaquinho grosso. Por baixo, la (tecido la... merda que nao tem til por aqui). Cachecol também. Se o tempo muda, guarda tudo na mochila, porque mais tarde pode piorar de novo. Ir pra faculdade, é sinal de frio na certa. Leioa, a cidade em que está o campus da gente, é mais alta que a maioria das outras cidades da Gran Bilbao. Se faz 15º graus em Bilbao, é fato que em Leioa faz no mínimo 13º. E comemos um frio no nosso passeio pra Guernika.

Nem ia contando do nosso passeio pra Guernika. Pois entao! Voltamos a fase das excursoes de colégio e fomos todos os estrangeiros conhecer a cidade bombardeada pelo alemaes em 1937. Recebemos brindes, folhetos informativos, almocamos bem, e conhecemos o Museo da Paz de Guernika e a Casa das Juntas. O Museo da Paz é foda... Trabalha muito com a tentativa de construir, desde a historia, o caminho da paz e um novo caminho pra ela. Deu pra saber muito da história do conflito vasco também. Tentar entender as brigas partidárias e o porque das prisoes dos lideres do partido radical daqui, o Batasuna. Depois de todas essas aulas de cultura vasca, eu e Tici resolvemos comecar aulas de euskera, ou seja basco, no semestre que vem. Já sei algumas palavras e algumas delas já fazem parte do nosso vocabulario diário como formas de cumprimento. Vou ensinar pra voces algumas:

Olá: Aupa (se diz Apa)
Tchau, Até logo: Agur
Obrigado: Eskerrik asko
De nada: Ez dago zergatik
Crianca: Txiki
Seja bem-vindo: Ongi etorri
Venha cá: Etorri ona

Por enquanto, só isso.
Depois, posto as fotos da camera super-fuderosa que Tici comprou. Sao fotos do passeio pra Guernika.
Vale? Venga, tíos.
Agur