lunes, 3 de marzo de 2008

Últimas notícias no Plantão

Completamos no dia 26 de fevereiro nossos 6 meses em terras vascas. Uma mescla de saudade de casa, saudade daqui (já), vontade de engolir o mundo em uma só sentada. No final das contas, sei que me sobram pouco menos de 4 meses e meio para estudar, viajar, conhecer mais pessoas, fazer amigos, desbravar a Bilbao que eu tenho sempre do lado... Para não cair no desespero, conto a vocês as últimas coisas que rolaram por aqui.

"Ni Edinaldo naiz. Eta zu?"

Comecei meu curso de Euskera. Pra quem não sabe, euskera (ou euskara) é a língua vasca completamente diferente de qualquer escrita e fala que eu tenha escutado na vida. Toda as grandes línguas do mundo possuem sua origenzinha bem remota, e pra ser mais diferente do que nunca, o euskera não tem. Dizem as más línguas que tem a possibilidade do euskera ter originado algumas outras línguas por tão velha que ela é. Dizem outras más línguas também que o euskera era desconhecido pelo relevo do País Vasco, pelas suas montanhas que escondiam cidades, povoados, o que impedia a dominação das grandes colônias.

Informados um pouco da história, lhes digo que é muito interessante, de repente, começar a fazer uma língua estrangeira que não existe uma mínima relação com a língua portuguesa ou com a língua castellana. Geralmente, quando começamos nossas aulinhas de inglês, espanhol, os professores conseguem manter uma comunicação na língua e conseguimos entender muito do que se fala. Nas aulas de Euskera, a gente só entende pelo contexto. Nos primeiros anos, a gente tem dificuldade de conseguir pensar na língua, que é o que nos permite uma proeficiência. Pensar em euskera é coisa pra mais de 5 anos de prática... Muitos vascos que sabem po euskera brincam que nem adianta muito um curso de 3 anos de euskera, se você só consegue falá-lo bem só depois de anos.

Mas digo que é interessante... É interessante porque a gente vai poder saber falar qualquer coisa em euskera, porque a gente passar um ano na terra e não levar uma das coisas que eles têm de mais rico e diferente, que é o idioma, não dá! E ouvi dizer que o Itamaraty têm buscado gente que fale euskera por lá... Quem sabe meu futuo como jornalista esteja fadado ao fim e que a carreira nas Relações Internacionais comece a partir dos meus "grandes" conhecimentos em euskera?

E vocês querem saber o que eu aprendi nas minhas aulas?

Ni Edinaldo naiz
(Meu nome é Edinaldo)
Nik Komikazioa iskaten dut.
(Eu faço Comunicação)
Niri musikoa gustatzen zait.
(Eu gosto de música.)
Ni Brasilekoa naiz, Salvadorekoa naiz.
(Essa, deixo vcs advinharem)
Ni brasilarrez, gaztelaniaz, ingelesez eta euskaraz hitz egiten dut
(Eu falo brasileiro, castellano, inglês e euskera. O mais bonito dessa frase é que o verbo falar - hitz egiten - significa "fabricar palavras".)

Yo hago clase de Percusión Brasileña

Era meados de um novembro frio. Folhas caídas pelas ruas de Bilbao, tentativas de encontrar uma solução para os tédios nas terras vascas. Eis que encontramos a programação de um tal de "Bilbao Gaua", e entre as oficinas, mini-cursos e atrações desse festival, havia uma que nos chamou a atenção "Percusión Brasileña".

Eis que os garotos enrolados da terra de Bilbao, enrolados que são, acabaram não indo. E de repente acabam os talleres, estouram-se as bombas do ano novo, e muda-se toda rotina. Até que, em um invernal fevereiro, os três encontram o curitibano que por cá estuda, só para ouvir dele que adorou as aulas de Percusión Brasileña que acabaram de começar e que eles deviam ir.

E lá vamos nós, toooooda renca brasileira perdida em Bilbao - com exceção de Nina Maria, que estava dodoi - , para a oficina de Percussão. O professor, Ronaldo, é baiano do Nordeste de Amaralina, saiu de Salvador aos 14 anos e disse que já rodou o mundo. Achei ele meio charlatão, cheio de papo, disso e daquilo. Mas é gente boa. Rendeu um som interessante... Eu ganhei o posto do agôgô e toquei direitinho. Toda hora queria que rolasse algum som que pudesse colocar o somzinho dos Filhos de Gandhy.

Depois de conversa vai, conversa vem, depois de taaaantas historietas e historionas, combinamos com Ronaldo de conhecer um bar um tal bar brasileiro perdido em Bilbao que ele conhecia. O bar fica numa zona super bem localizada de Bilbao e chama-se Via Show. Na porta, de cara nos encontramos com o cartaz de divulgação do show da Calcinha Preta por aqui. Ao entrar, fomos recepcionados pelo DVD de Ivete Sangalo no Festival de Verão 2008. Mas, ao analisar mais a fundo o ambiente, percebemos que todos eram realmente eram brasileiros, e que a população feminina ali era toda de formada por putas. Ou seja, saimos do Brasil para conhecer um puteiro brasileiro na Espanha.

A cerveja de lá era de puteiro: com água pra dissolver, com preço só pra coroa cheio da grana pagar. A seleção musical é a melhor do mundo: foi do axé, ao lapada na rachada, passando pelo reggaeton em português e Tati Quebra-Barraco. Uma coisa ficou clara: existe realmente um sistema de imigração que põe essa galera toda no ramo da prostituição, do tráfico ou da música brasileira. Um desses ramos, a pessoa entra.

Pelo menos, agora sei que se eu tocasse numa banda, tocaria agôgô!

Brasileirada (menos Maria... =/) reunida no puteiro, quer dizer, na boate brasileira em Bilbao

Depois, vão fotinhas das aulas de percussão e do dia de praia em La Salvaje.
Algumas das minhas brincadeiras fotográficas vão aqui: www.flickr.com/photos/redlabels

Gaboooon!
Aguuuuuuuuurrr!

2 comentarios:

▪G.S.N▪ dijo...

Quero maaaaaaaaaais....mais noticias....mais fotos!

=D

Joseba dijo...

Epa, Edinaldo!

Hau poza! Oso post interesgarria euskarari buruz!

Joseba